A descrição que não aparece na descrição.

Meus desabafos, meus amores, minhas alegrias, minhas dores, meus sonhos, meus medos.
Mundo meu, compartilhado e vivido por nós.
A eterna matemática da vida, sem nunca chegar no denominador comum. Mas sempre sendo dividida com vocês, somada por vocês e diminuida da minha particularidade.
Meu mundinho de Alice, nem parece mais tão particular.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Aquele do colo.

Sexta feira, quatro e meia da tarde. Pego o telefone. Disco o numero dele.

Do outro lado da linha um alo apressado. Seguido de um tudo bem mais apressado ainda.

A voz lhe falta no mesmo instante. Tentando não transparecer a tristeza ela responde, sim pai.

Vamos sair hoje de noite? Não posso tenho compromisso. Ele é sempre assim mesmo. Não o culpo, sempre tive o que quis.

Após falarem de um assunto qualquer eles desligam. Sem o eu te amo de sempre. É como eu disse, pais não sabem plantar a semente. Mas fazem o seu melhor eu sei disso.

Felizmente (ou infelizmente) uma das coisas que meu pai me ensinou foi a não transparecer.

Parei. Tentei escrever sobre minha arvore florescida debaixo da minha janela. Não deu.

Eu queria era um colo. Carinho de pai. Figura masculina mor. Desajeitado como ele, mas com todo o sentimento do mundo. Queria paparicos com sabor feijão.

Lembrei dele reclamando das minhas bagunças. Lembrei de mim reclamando da bagunça alheia na minha casa. Somos muito iguais mesmo. É difícil pai. Não consigo te dizer quero colo.

É de consumir por dentro ter que lhe pedir isso. Admitir que apesar de toda a independência, ainda preciso de ti. Sei que desmarcaria qualquer compromisso inadiável pra que isso acontecesse. Mas, mais uma vez, somos iguais, não queremos atrapalhar os planos de ninguém.

Não tem nada doendo. Não to doente. Não tem nada sangrando. Mas eu queria. Aquele colinho que não sabe o que dizer. Que fica sem graça quando falo de meus amores. Aquele que canta vento negro pra mim.


‘A vida e o tempo
A trilha e o sol
Um vento forte se erguerá
Arrastando o que houver no chão

Vento negro, campo afora
Vai correr
Quem vai embora tem que saber
É viração...
Não creio em paz sem divisão
De tanto amor que eu espalhei
Em cada céu em cada chão
Minha alma lá deixei... ’

Te amo.

2 comentários:

maisumalmaerrante disse...

Me identifiquei com esse.. principalmente na parte do "somos iguais e não queremos atrapalhar os planos..". Triste neh.. não ter mais a coragem de dizer 'Pai quero colo'. Mas a vida é mesmo assim.. depois de plantar a semente.

Lindo Andreza.. mais uma vez os parabens!

Adoro esse blog

silvana disse...

É filhinha nem sempre estamos lá ou dizer que precisamos das pessoas enquanto nos despedaçamos por um carinho, mas não é por mal é a corida da vida, e sei que te amoms muito nunca esquelça disto!