A descrição que não aparece na descrição.

Meus desabafos, meus amores, minhas alegrias, minhas dores, meus sonhos, meus medos.
Mundo meu, compartilhado e vivido por nós.
A eterna matemática da vida, sem nunca chegar no denominador comum. Mas sempre sendo dividida com vocês, somada por vocês e diminuida da minha particularidade.
Meu mundinho de Alice, nem parece mais tão particular.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Conto de fadas original.

Triste! Para o ser humano mais nobre, íntegro e correto; marido amado, acalmado de fé e paixão; trabalhador honesto, incondicional. Ele foi amigo, confidente, acolhedor. Para um pai grandioso, que abraçou filhos, genros, netos, sobrinhos, desconhecidos. Emprestou dinheiro, os ouvidos e a paciência. Deu abraços e deu exemplo. Concedeu palavras sábias e valiosas, e também nos deu o privilégio das engraçadas. Repetiu e repetiu.

Salvou quantos do sufoco? Hein? Jurou amor eterno. Cumpriu. Para o homem mais digno, de existência soberana, ser honroso, até para este o ar se extingue, a vida se esvai, o silêncio arrebata.

Estávamos à mesa almoçando eu, minha mãe e minha Vó, nesta última quinta-feira pós carnaval – sempre nostálgicas pra mim – mantínhamos uma conversa vigorosa sobre relacionamentos, amores e paixão. Três gerações discutindo sobre as razões e os sentimentos que guardam um coração de vinte, um de cinquenta e outro de noventa.

Minha Vó entregou-se entre tantos malditos e benditos comentários sobre o casamento: – “Eu mesma, se pudesse escolher, escolheria viver tudo de novo, sempre do lado do meu velho”. Quando ouvimos um suspiro sufocante.

Estremecemos as três, enquanto os três corações disparados e agora desesperados mandavam às pressas avisos aos nossos cérebros: não desiste, não desiste, não desiste. Não feita a nossa vontade. E a incansável luta naqueles minutos talvez tenha sido até egoísmo. Atendido foi o pedido da Vó Alzira a sua filha Andiara, agarrada em um porta-retrato de vinte e quatro anos: – “Ajuda minha filha, ajuda!” Valente, entregou a alma a Deus. Subiu ao Céu. Foi-se como sempre pediu, num piscar de olhos – sagradamente seria atendido, mas me deixou trêmula [nesse exato momento], outro quieto, uma chorona, um insano, uma nervosa, uma viúva, outros inconformados e por demais.. todos os corações estraçalhados.

Este homem poderoso, do início ao fim, sem ao mesmo sabermos do que estava por vir, recebeu uma declaração de amor no lugar onde seria um adeus. [Um beijo doce com cheiro de vendaval] Então? Me digam aí, quem é tão digno que mereça tamanha curvatura da vida? Estiveram, meus avós, sessenta anos, lado a lado, frente a frente, na alegria e na tristeza, juntos, colados como queiram.. sem melação, sem pieguice. Protegeram-se por amor. Puramente. Raramente amor. Com pudores. Sem nhenhenhe. Com ternura. Sem grosseria. Com dedicação, desejo, sonho. Competência e educação, também. Sem sacanagem. Com decência. Comovente. Deus se apaixonou por esta história. Foram felizes para sempre! [Mas o pra sempre, sempre acaba].

Se cada um vale o que tem, somos nós os mais valiosos, porque tivemos a ti precioso Júlio.

Serás recordação, cheiro e, por tempo, ainda muita lágrima. Somos agora só sorrisos infiéis. Vô, vem cá, freqüenta nossos sonhos, põe o dedo nas nossas barrigas, nos possui de amor, esse raro amor que tu tivestes a sorte de ter em vida. Vem! Não permite doer mais do que já dói não poder te dar um beijo de bom dia ou ficar sem pararapãpã nos aniversários. Aquece o meu peito, o de todos nós; glorifica as nossas vidas antes que a gente não seja mais capaz de um abraço. Transborda nossos pensamentos, nosso corpo e nosso espírito de luz, pra que a gente possa ter saúde e inteligência, e ser com os outros exatamente o que tu foste: um bom caráter, um ser humano sem outro igual!

Te amo aqui, aí ou não sei onde.. mas agora choro a tua ausência. Até a vista! Maíra


Queria eu ter tão bela história ou até mesmo palavras para descrever um avô. Parabéns!

por Maíra Casarin

3 comentários:

Marina Dreher disse...

:~

Unknown disse...

Simplsmente uma lição de vida e amor, demonstração que pode sim existir tão sentimento e conheço mais que este caso, um mais perto ainda, teus avós que manteram uma relação igual de cumpricidade amor, carinho e companherismo, meus exemplos de vida!

Unknown disse...

É a vida é assim, temos verdadeiros contos de fada as vezes até mais perto do que podemos observar, seus avós são um, para mim Deus é perfeito e coloca pedras preciosas em nosso caminho para que tenhamos metas a cumprir.
Amor faz parte da vida, a vida é AMOR!